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Lugar de Mulher é onde ela quiser empreender

Notícias - 08/03/21

Elas precisaram lutar por igualdade de condições de trabalho, por espaço nas fileiras acadêmicas, nas empresas, no voto e na vida. Mais que uma data comemorativa, a ACIAP-BM quer neste Dia Internacional da Mulher (8 de março), dar voz ao público feminino e entender seus desafios no dia a dia para que possam olhar o horizonte com um pouco mais de otimismo e mostrar que representatividade importa. Lugar de Mulher é onde ela quiser empreender!

 

SUPERANDO DESAFIOS

Há 15 anos como uma das proprietárias da Chok Eletric, Luiza Roxo relembra os desafios iniciais de ser uma mulher a liderar um negócio até ser a preferência de clientes e fornecedores.

“No início não tinha muita credibilidade; havia resistência de clientes e fornecedores. Eles procuravam por meus irmãos na loja, mas hoje preferem ser atendidos por mim e por outras colaboradoras. As mulheres dominam o mercado de trabalho. Fizemos um processo seletivo agora, por exemplo, e 80% das pessoas que concorreram às vagas eram mulheres”, destaca Luiza.

 

Ainda de acordo com a lojista, em um ano cheio de mudanças e desafios como o último, a necessidade de ter coragem diante dos negócios ficou ainda mais evidente.

“O último ano foi desafiante para todos; principalmente para o comércio. Mas é em tempo de crise que a gente cresce. Estamos inaugurando, depois de 23 anos, uma nova loja, por exemplo. As pessoas não podem se prender muito à crise, ao desafio, porque o medo trava”, disse Luiza, deixando um recado para as demais mulheres empreendedoras:

“Que as mulheres continuem conquistando e acreditando em seu papel na sociedade; que continuem crescendo como profissional e ser humano. As mulheres vieram para dominar o mundo”.

LINHA DE FRENTE

Ela foi uma das primeiras a conhecer a Covid-19 de perto em Barra Mansa; não apenas por conta da profissão de médica, mas por ter sido a terceira pessoa a contrair a doença na cidade. Os dois primeiros foram seus filhos, que também são médicos no município. Um ano após ter contato com o novo coronavírus, Mariza Marcondes Nitole segue na linha de frente; lamentando pela vida de pacientes que se vão e comemorando por aqueles que retornam a seus lares.

“Senti muito medo de morrer. Depois lamentei a perda de pacientes, colegas, familiares, de uma sobrinha de apenas 22 anos de idade... Vi pacientes ficando viúvas; histórias emocionantes de pai e filho chorando a morte da esposa e mãe. Mas também comemorei cada alta médica que dava para um paciente. Foi um ano muito intenso para todos. Sempre falo para meus filhos - entre três, dois são médicos: tratem seus pacientes como se fossem seus parentes porque a vitória será certa. O doente precisa de atenção e carinho”.

Mariza Nitole ainda destacou que sempre foi muito bem aceita no meio profissional. “Adoro ser médica. Procuro trabalhar de maneira correta e humilde e acredito que isso fez com que eu fosse querida por todos. Minha dica é: façam tudo com amor. Acredito que quando a gente tem vontade e faz a coisa da melhor maneira possível, alcançamos bons resultados. Sou mãe, avó, filha; meus netos me adoram, meus filhos me amam e consigo ser uma boa esposa. Não importa o tempo, mas a qualidade desse tempo dedicado a cada função. Sempre fiz dessa maneira e deu muito certo”.

FINANÇAS

Ela começou a seguir os passos do pai nos negócios quando ainda era menor de idade. Ajudava em diversos setores do escritório de contabilidade, que hoje tem 35 anos de fundação. Priscilla Thome de Oliveira Rodrigues atua há 15 anos como contabilista e defende que o posto das mulheres é o da independência.

“No início tive dificuldade por ser mulher, e nova. As pessoas têm a imagem de que o contador é homem e mais velho. O preconceito sobre a capacidade da mulher ainda existe, infelizmente, mas acredito que muda cada dia mais porque as mulheres estão provando que são inteligentes, capazes; que temos expertises. Para romper as barreiras e preconceitos é preciso buscar por uma colocação no mercado de trabalho. Não podemos desistir de crescer, de ocupar a nossa mente e sermos melhores a cada dia”. 

PRÓPRIO NEGÓCIO

Ela deixou o cargo de liderança em uma incorporadora imobiliária, e com a promessa de promoção no trabalho, para abrir o próprio negócio. Começou em 2017 a fabricar granola em casa. Chegou a ter 40 clientes no Sul Fluminense, mas a pandemia do novo coronavírus veio e deu uma rasteira em Jade Correa Silva. Ela procurou se especializar em fermentação natural e passou a se dedicar à fabricação de pães. Hoje tem a própria cozinha, trabalha de 6h às 20h com toda satisfação e tem duas funcionárias.

 “Quando veio a crise não me arrependi de ter saído de um trabalho com carteira assinada e promessa de ser promovida para realizar meu sonho. Comecei em 2017 a fabricar granola dentro de casa. Em 2019 adaptei um ponto comercial que meu avô tem, e que estava há 25 anos fechado, para eu poder produzir. Também comecei a fazer pão integral. Em 2020 fui pra São Paulo fazer um curso intensivo de panificação completa e outro de fermentação natural. Fiquei encantada! Veio a pandemia, pararam de vender minha granola e comecei a testar massas de pão. Fazia de dia e entregava à noite”, relembra Jade.

Superação

Assim que o comércio reabriu, ela pegou os móveis que a mãe não queria mais e os colocou na loja. Contratou uma funcionária e no final de 2020, o movimento aumentou. “Tinha dia que dava fila na porta da Leve Padaria Artesanal (Rua Barão de Guapy, no Centro). Refiz a fachada do local, contratei um marceneiro e em janeiro deste ano chegou nossa segunda funcionária. Agora meu objetivo é aumentar meu maquinário e ampliar minha produção”.

A administradora por formação e empreendedora por natureza destacou ainda, que desde a faculdade buscava por essa realização profissional. “Poderia ganhar muito mais na incorporadora, mas a satisfação que tenho com o meu trabalho, com esse ganho por algo que eu produzo, é impagável. Senti medo por diversas vezes, mas nunca me arrependi. Mesmo se der medo, vai dar medo, siga! O medo não pode paralisar a gente de forma nenhuma. Sou muito mais realizada profissionalmente – me encontrei”.

FILHOS DO CORAÇÃO

Cada enxoval que ela prepara contém doses do sonho das mulheres que almejam ser mães. Os detalhes caprichosos encantam quem espera pelo precioso momento. Sirlene Pequeno de Sales é professora de formação, mas a vida a capacitou em muitas outras coisas. Após uma histerectomia, pôde em sua jornada como artesã, encontrar seus “filhos do coração”. Após a morte de sua irmã, pôde acolher suas duas sobrinhas e assumir o papel de mãe. Como ela mesma diz: “às vezes o que Deus coloca na nossa vida é pra gente ver que tem um potencial muito maior do que imaginamos”.

Sirlene prepara enxovais há 15 anos, tanto para bebês quanto para hospitais e clínicas. Através de seu trabalho personalizado, garante seu sustento, de suas filhas de criação e ainda dá assistência aos pais.

“Sempre fui uma pessoa muito doente na juventude. Aos 15 anos fui diagnosticada com endometriose. Fiz nove cirurgias, usei medicamentos, mas aos 28 anos tive que fazer uma histerectomia. Ainda acamada, comecei a fazer ponto cruz, macramê... até uma amiga falar pra eu fazer o enxoval da sobrinha dela. A partir daí não parei mais; até para fora do país já mandei minhas peças. Através do meu trabalho consegui realizar meu sonho de ser mãe; cada enxoval que eu faço é como se fosse para meus filhos do coração. Agradeço muito a Deus, à minha família e às minhas clientes por poder participar de um momento tão importante da vida delas”.

Quando Sirlene começou, uma maca improvisada funcionava como sua mesa de trabalho. Hoje, ela tem o próprio ateliê em casa, no bairro Colônia Santo Antônio. “Não podemos desistir; achar que a vida parou. É preciso acreditar primeiramente em você. Eu era uma pessoa muito doente e ao invés de lamentar, corri atrás e fiz o que eu podia fazer. Hoje tenho força e saúde; consigo ajudar meus pais, irmãos, amigos... Às vezes, o que Deus coloca na nossa vida é pra gente ver que tem um potencial muito maior do que imaginamos”.